quarta-feira, 11 de abril de 2012

Casa paga salários a partir de R$ 18 mil para manter profissionais pouco procurados pelos congressistas

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'TV Folha' mostra desperdício com hospital do Senado

Casa paga salários a partir de R$ 18 mil para manter profissionais pouco procurados pelos congressistas
Promessa de acabar com mau cheiro do rio Pinheiros também é destaque no programa que vai ao ar à noite

DE SÃO PAULO
O Senado gasta R$ 400 mil mensais, fora a folha de pagamento, para manter um serviço médico pouco procurado por servidores e parlamentares, que preferem ir a clínicas particulares e pedir reembolso pelas despesas.
Reportagem do "TV Folha" que vai ao ar hoje às 20h, na TV Cultura, mostra o desperdício com salas e equipamentos ociosos em plena quarta-feira, dia de maior movimento no Congresso.
A poucos quilômetros dali, na cidade-satélite de Samambaia, pacientes enfrentavam filas para serem atendidos numa UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do governo do Distrito Federal.
POLUIÇÃO
A quinta edição do "TV Folha" também vai mostrar a promessa do governo de São Paulo de reduzir o mau cheiro do rio Pinheiros, cuja poluição compromete uma das áreas mais valorizadas da capital paulista.
Na reportagem sobre gastronomia, a equipe do caderno "Comida" vai ao interior do Estado para mostrar o preparo da galinha ao molho pardo.
O colunista Clóvis Rossi, de "Mundo", fala sobre a visita oficial da presidente Dilma Rousseff a Washington nesta semana e as perspectivas para as relações entre o Brasil e os Estados Unidos.
O programa terá ainda um quadro com dicas culturais e a estreia do colunista Luiz Felipe Pondé, da "Ilustrada", que foi a Guarulhos para comentar a nova realidade dos aeroportos brasileiros.
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segunda-feira, 9 de abril de 2012

NYT - Onde estacionar tantos carros?


 Índice geralSão Paulo, segunda-feira, 09 de abril de 2012New York Times
New York Times
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LENTE

Onde estacionar tantos carros?

Esperando encontrar uma boa vaga de estacionamento, muitos de nós nos deparamos com um motorista estacionado que demora uma eternidade para sair. A pessoa precisa alongar o corpo no banco do motorista, verificar e ajustar todos os espelhos, tirar o lixo do veículo, arrumar o cabelo e retocar a maquiagem ou lavar o para-brisa. Talvez dar uma mordida em um sanduíche.
Depois, afinal chega a hora de o motorista lentamente remover o carro de uma vaga paralela apertada. Para a frente, para trás. Para a frente, para trás. Para a frente, para trás.
Matt Richtel, do "Times", relata que uma nova frente está se abrindo na guerra do estacionamento: "ocupação da era digital". Quando um motorista esperançoso avista outro entrando em um carro, o momento de triunfo se esvai quando "a pessoa que deveria desocupar a tão necessária vaga de estacionamento decide passar um bom tempo usando seu smartphone, mandando mensagens, conversando ou no Facebook". É o suficiente para provocar um surto de ira no estacionamento.
Com cerca de um bilhão de carros nas ruas do mundo hoje, cidades e comunidades tentam administrar onde estacioná-los e como aliviar o congestionamento.
San Francisco, onde muitos moradores dependem intensamente de seus veículos, está testando um programa que aumenta o preço do estacionamento nos quarteirões mais movimentados da cidade e o diminui nos mais vazios, relatou o "Times". As vagas mais caras saem por US$ 4,50 a hora e até agora o programa está atingindo sua meta de ter pelo menos uma vaga disponível em cada quarteirão, segundo sensores embutidos na rua que monitoram o movimento de carros.
A cidade tenta tornar o centro mais acessível, mas não congestionado demais. Como se esperava, os preços mais altos não foram bem recebidos. Edward Saldate, um cabeleireiro de 55 anos, disse ao "Times" que pagar quase US$ 17 por quatro horas de estacionamento é "um roubo".
Para alguns, estacionar de graça é considerado um direito inalienável. Como disse George Costanza em Seinfeld: "Meu pai nunca pagou para estacionar, minha mãe, meu irmão, ninguém". Ele acrescentou: "É como ir a uma prostituta. Por que eu deveria pagar, quando se eu agradar talvez consiga de graça?"
Alguns urbanistas acreditam que o estacionamento deva ser repensado. Como escreveu no "Times" Eran Ben-Joseph, professor de planejamento urbano no Instituto de Tecnologia de Massachusetts, "precisamos redefinir o que queremos dizer com estacionamento para incluir algo que não apenas permita ao motorista estacionar seu carro, mas também ofereça uma variedade de utilidades públicas, reduza seu efeito sobre o meio ambiente e dê maior consideração à estética e ao contexto arquitetônico".
Um estacionamento melhor poderia ter uma abóbada de painéis solares para produzir energia ou árvores plantadas para absorver as emissões de carbono.
Algumas cidades, incluindo Taipei, Barcelona, Berlim, Cidade do México e em breve Nova York, buscam uma solução diferente para o enigma do carro: o programa de bicicletas comunitárias. Aplicativos como Spotcycle e Cycle Hire localizam as bicicletas disponíveis e pontos de estacionamento. No site do programa BikeMi de Milão, um mapa atualiza essa informação em tempo real.
Marta Ferri, uma designer de Milão, incentiva os ciclistas a usar a ciclovia. "Não esqueçam de explorar as ruas estreitas e os becos para ver os jardins particulares", disse Ferri à "T Magazine". "Milão é uma cidade secreta. A maior parte de sua beleza está escondida."

TOM BRADY

Envie comentários para nytweekly@nytimes.com

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Nunca antes neste país houve novela tão lúgubre como "Avenida Brasil"


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Opinião
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MELCHIADES FILHO

Tony Ramos está morto

BRASÍLIA - Nunca antes neste país houve novela tão lúgubre como "Avenida Brasil". A marca da maldade aparece toda noite, as cenas costuradas para afligir a audiência.
João Emanuel Carneiro já havia brincado com as fronteiras entre o "bem" e o "mal" no trabalho anterior. "A Favorita" demorou a esclarecer quem, afinal, era a vilã.
Mas ali o que surpreendeu, e virou marca-registrada do autor, foi o ritmo frenético. Cada capítulo abria e fechava um pedaço do enredo.
Desta vez, João Emanuel vai além na quebra de maniqueísmos. A ideia de pureza foi simplesmente suprimida logo na estreia da história, com a morte trágica do personagem de Tony Ramos.
O ator que durante décadas encarnou a honestidade na TV agonizou entre soluços de sangue, sob chuva torrencial, atropelado depois de constatar que a mulher era uma pérfida. O herói com caráter, vimos, não passava de um banana. Para piorar, no último suspiro ajudou a armar o novo golpe da algoz.
Adriana Esteves vive a vilã barra-pesada, antológica. Agride crianças, humilha o amante/comparsa, engana meio mundo enquanto planeja enganar a outra metade.
A novidade é que quase não há integridade nos demais personagens. Vide os galãs: o craque de futebol pulou a cerca no dia do noivado; o filho adotivo alterna pileques com rompantes machistas; o empresário boa praça faz rodízio de esposas.
A mocinha de doce só tem o rosto -Débora Falabella foi outra boa sacada de escalação. Para engatilhar a vingança, largou o namorado e se finge de amiga da cunhada da vilã.
Todos mentem e trapaceiam no subúrbio emergente e consumista que serve de cenário à trama. Vale o lema "os fins justificam os meios" (ou "rouba, mas faz", "rouba, mas pro partido", "todos roubam"...). "Avenida Brasil" nos convida, ou nos coage, a torcer por quem faz o mal. Testa nossa ruína moral. Dói.

melchiades.filho@grupofolha.com.br

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sábado, 17 de março de 2012

Ele conseguia combinar ciência com política e uma aguda crítica social


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Ciência
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ANÁLISE

Ele conseguia combinar ciência com política e uma aguda crítica social

WAGNER COSTA RIBEIRO
ESPECIAL PARA A FOLHA
Escrever sobre um mestre do porte do professor Aziz Ab'Sáber é um desafio, dada sua grandeza como pesquisador e como ator social envolvido com as lutas sociais e ambientais do país. Trata-se de um dos principais geógrafos do mundo, responsável por teorias inovadoras, e que também se envolveu diretamente com o debate político e institucional.
Ab'Sáber foi um intelectual engajado, ambientalista e polêmico, ainda mais quando o assunto envolvia a política. Entre suas características pessoais estavam a enorme capacidade de síntese e de oratória. E isso é pouco para descrever um dos maiores pesquisadores brasileiros.
A geografia da vida do professor indica o quanto sua trajetória é articulada à sua história de vida. Do interior de São Paulo, partiu para os rincões do Brasil, descrevendo-os e estudando-os com o afinco de um apaixonado.
Seu engajamento político ocorreu em diversas ocasiões, como quando foi presidente do Condephaat e inovou ao propor o tombamento da Serra do Mar, ampliando o conceito de tombamento para além do caráter histórico e social. Também foi presidente da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), onde promoveu encontros que combinavam discussão científica e política.
No Instituto de Estudos Avançados da USP, integrou o grupo que propôs o projeto Floram, o qual, no começo da década de 1990, já apontava a possibilidade de plantar árvores para captar carbono.
Com suas pesquisas sobre São Paulo e sobre a Amazônia, entre outros temas, projetou-se no mundo. Mas outra de suas características era mais importante: sua aguda crítica social, expressada em diversos momentos, como quando criticou a transposição do rio São Francisco e a reforma do Código Florestal.
Perde-se um grande pesquisador, que argumentava com a ciência em prol dos mais necessitados. A morte de Ab'Sáber, logo após a de César Ades, professor da USP morto na quarta-feira, deixa esta semana como uma das mais tristes da ciência brasileira de todos os tempos.

WAGNER COSTA RIBEIRO é professor do Departamento de Geografia do Instituto de Estudos Avançados da USP

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domingo, 11 de março de 2012

O assunto é menor, mas tem elevado valor simbólico. Nesta semana, a Justiça gaúcha determinou a retirada dos crucifixos de todas as suas dependências


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HÉLIO SCHWARTSMAN
Cristo despejado
SÃO PAULO - O assunto é menor, mas tem elevado valor simbólico. Nesta semana, a Justiça gaúcha determinou a retirada dos crucifixos de todas as suas dependências. Como bom ateu, sou favorável à medida. Entendo, porém, que alguns cristãos se sintam frustrados. Vou tentar mostrar que a laicidade do Estado interessa mais a eles do que a mim.
Um dos argumentos mais populares entre os defensores da permanência da cruz é o de que a maioria da população é cristã. Bem, a maior parte dos brasileiros também é flamenguista ou corintiana. A ninguém, contudo, ocorreria ornar os tribunais com bandeiras e flâmulas desses clubes. Maiorias não bastam para definir a decoração de paredes públicas.
De resto, nem todos os cristãos são entusiastas do crucifixo. Algumas denominações protestantes o consideram um caso acabado de idolatria, pecado cuja prática meus ancestrais judeus costumavam punir com o apedrejamento até a morte.
A vontade da maior parte dos cidadãos é, por certo, um elemento importante da democracia, mas não é absoluto nem incondicional. Um país só é democrático quando defende suas minorias da tirania das massas.
E o direito de todos a espaços públicos livres de proselitismo religioso deveria ser autoevidente. Ao contrário do que muitos podem pensar, isso importa mais para o crente membro de grupo ou seita minoritários do que para ateus e agnósticos.
Nós que não acreditamos num ser superior ou que julgam essa uma questão indecidível, tendemos a considerar imagens religiosas como uma manifestação supersticiosa, uma excentricidade, no máximo. Já um judeu ou muçulmano praticantes podem ver na figura do Cristo crucificado um símbolo de opressão e morte. Não se pode dizer que não tenham razões históricas para pensar assim.
Exceto para os apreciadores de teocracias de partido único, a laicidade do Estado é a melhor garantia da liberdade religiosa.

helio@uol.com.br
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domingo, 4 de março de 2012


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ELIO GASPARI

A dura vida do presidente da OAB
Em janeiro, o procurador Ophir Cavalcante, licenciado desde 1998, custava à Viúva R$ 30.062,07 mensais
É dura a vida do presidente da Ordem dos Advogados, Ophir Cavalcante. No último ano ele condenou o tamanho da fila dos precatórios de São Paulo, a farra dos passaportes diplomáticos, as fraudes nos exames da Ordem, a atuação de advogados estrangeiros em Pindorama, o enriquecimento de Antonio Palocci e a blindagem dos "ficha suja". Defendeu a autonomia salarial do Judiciário e os poderes do Conselho Nacional de Justiça.
Como se sabe, Ophir Cavalcante é sócio de um escritório de advocacia em Belém e procurador do governo do Pará, licenciado desde 1998, quando se tornou vice-presidente da seccional da Ordem. Até aí, tudo bem, pois Raymundo Faoro era procurador do Estado do Rio, apesar de não lhe passar pela cabeça ficar 13 anos com um pé na folha da Viúva e outro na nobiliarquia da Ordem.
Em agosto do ano passado, quando o Tribunal Regional Federal permitiu que Senado pagasse salários acima do teto constitucional de R$ 26.723, Cavalcante disse o seguinte: "O correto para o gestor público é que efetue o corte pelo teto e que as pessoas que se sentirem prejudicadas procurem o Judiciário, e não o contrário".
Em tese, os vencimentos dos procuradores do Pará deveriam ficar abaixo de um teto de R$ 24.117. Seu "Comprovante de Pagamento" de janeiro passado informa que teve um salário bruto de R$ 29.800,59. O documento retrata as fantasias salariais onde a Viúva finge que paga pouco e os doutores fingem que recebem menos do que merecem. Isso não ocorre só com ele, nem é exclusividade do Ministério Público do Pará.
O salário-base do doutor é de R$ 8.230,57. Para os cavalgados é isso, e acabou-se. No caso de Cavalcante, somam-se sete penduricalhos. Há duas gratificações, uma de R$ 6.584 por escolaridade, outra de R$ 7.095 por "tempo de serviço" (na repartição, ficou três anos, mas isso não importa); R$ 4.115 por "auxílio pelo exercício em unidade diferenciada" (a procuradoria fica em Belém, mas ele está lotado na unidade setorial de Brasília).
Esse contracheque levou uma mordida de R$ 5.196 do Imposto de Renda. Se o doutor trabalhasse numa empresa privada, com salário bruto de 29.800,59, tivesse dois dependentes e pagasse, como ele, R$ 2.141 na previdência privada, tomaria uma mordida de R$ 6.760.
Finalmente, há R$ 314 de auxílio-alimentação, o que dá R$ 15,70 por almoço. A OAB precisa protestar: o Ministério Público paraense passa fome.